- Giovanni Alves
- 5 de fev. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de fev. de 2023
Realizado em 2010, foi a primeira experiência de produção audiovisual do Projeto CineTrabalho (e da Praxis Video). Iniciamos o CineTrabalho dando visibilidade à profissão de alfaiates. Foi uma produção de Giovanni Alves e direção de Giovanni Alves e Rodrigo Gobbi - que assinou o roteiro. Tivemos o apoio técnico de Bruno Lacerra (dono do caro que conduziu o equipe) e o som de Rafael Kokol Pinto e Antonio Claudio Fuzer. Rodrigo e Bruno eram, na época meus orientandos de Iniciação Científica.
Em 2010, propus a idéia de filmarmos o mundo do trabalho. Um orientando de Iniciação Científica, Rodrigo Gobbi, que conhecia os alfaiates, sugeriu fazermos um documentário sobre eles. Por coincidência (ou não), eu estava lendo (ou tinha lido) "A caverna", de José Saramago que trata de oficios em extinção (cheguei inclusive a escrever um pequeno ensaio de análise crítica do romance do escritor português).
A frase-epígrafe do filme é de José Saramago (A caverna): "Não demasiado antigas, há muitas profissões que desapareceram, hoje ninguém sabe para que serviam aquelas pessoas, que utilidade tinham..."
O processo de modernização do capital significa a extinção de oficios outrora valorizados pela sociedade. O desenvolvimento tecnológico capitalista está à serviço da destruição das profissões. Harry Braverman no livro "Trabalho e capital monopolista" (Zahar, 1974) nos falou da degradação do trabalho no século XX. Richard Sennet tem um livro interessante intitulado "O artífice" (Record, 2008). Os alfaiates não eram simples "operários da costura", mas verdadeiros artífices com prestigio na sociedade local. Eles se reconheciam no trabalho e o trabalho do artífice dava um sentido à comunidade local.
Outros alunos estiveram envolvidos nas filmagens. Erámos uma equipe de produção audiovisual. Procuramos cumprir todos os passos de uma produção audiovisual: pesquisa, planejamento e roteiro. Discutimos as tomadas ou cenas do filme. Utilizamos - além da Sony handycam HDR - um microfone shotgun unidirecional (Fuzer e Kokol faziam o som). Realizamos várias tomadas externas que contribuiram para as cenas que tiveram como fundo musical a melodia de Pixinguinha.
"Alfaiates de Marília" é um video-documentário muito diferente dos que foram depois produzidos pelo Projeto CineTrabalho (talvez "AutoEuropa", de 2013; e "Professoras de Marilia", de 2014, tenham tal sofisticação). Ele foi de fato, um documentário no formato connvencional.
Eu fiz a edição do material filmado tendo sido acompanhado passo-a-passo pelo Rodrigo Gobbi que assina também a direção. Este é o único documentário do CineTrabalho que não é um filme (exclusivo) de Giovanni Alves. Pela metodologia do Projeto CineTrabalho, quem assina a direção é quem faz a edição do filme. Editar é essencial, tendo em vista que o editor delimita - em si - a matéria filmada, produzindo o sentido do filme. E editor é o "diretor" do filme, pois é por meio do "recorte" das falas das personagens, que o filme adquire sua densidade existencial. O editor/diretor também escolhe a trilha musical que eleva o movimento das personagens.
Em 2011, eu fui para o pós-doutorado em Portugal (em março de 2011) - fiquei 1 ano em Coimbra. .Mas antes de ir, produzi outro documentário: "Trabalhadores do Judiciário". Mas isso é outro post.
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