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  • Foto do escritor: Giovanni Alves
    Giovanni Alves
  • 24 de mar. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 23 de mai. de 2023


Este documentário (e o livro "O Trabalho do Juiz") foi um projeto ousado, na medida em que expôs pela primeira vez a condição de proletariedade dos magistrados trabalhistas, Apesar de desfrutarem de altos rendimentos salariais e ocuparem posições de poder e hierarquia no serviço público, que lhes garantem prestígio social, no documentário eles revelam, contraditoriamente, a precarização subjetiva de seu trabalho devido ao Choque de Gestão e às novas tecnologias informacionais implementadas pelo Poder Judiciário no Brasil. Isso exemplifica a precarização do trabalho e da vida das camadas médias no Brasil durante o período do neodesenvolvimentismo.


A precarização do trabalho, tanto objetiva quanto subjetiva, não se limita apenas às camadas assalariadas da indústria, serviços ou comércio, mas também afeta as camadas médias com altos rendimentos no serviço público, ocupando cargos de Estado com poder e hierarquia, como os magistrados trabalhistas, muitos dos quais não se reconhecem como trabalhadores assalariados (a posição que ocupam na esfera politico-ideológica - "classe média" de altos salários e funções de hierarquia e poder - impedem que a condição de proletariedade se traduza no plano subjetivo, em consciencia necessária de classe). O objetivo da pesquisa foi dar visibilidade à alienação/auto-alienação que permeiam a totalidade da vida no mundo do trabalho, tanto no setor privado quanto no setor público.


Produzi o videodocumentário “O trabalho do juiz” em 2013. Fiz tudo por conta própria, não tendo nenhum financiamento externo (das Associações de magistrados ou do CNJ - Conselho Nacional de Justiça). Toda a parte técnica foi feita por mim -tanto na produção como na pós-produção. "O trabalho do juiz" foi uma produção independente com a filmagem de depoimentos coletadas nas viagens que fiz de palestras para as Escolas da Magistratura Trabalhista nos Estados (eu ia dar as palestras e aproveitava o tempo livre para filmar depoimentos de magistradores que se dispussem a falar sobre o tema do trabalho do juiz). Ao viajar, levava comigo tripé, microfone de lapela e filmadora (a iluminação era com luz local).


Deste modo, coletei depoimentos em Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Rio de Janeiro (RJ) e Curitiba (PR) – nas duas últimas cidades tive o apoio técnico da companheira - na época - Thayse Palmela Nogueira.


Foi uma coleta de depoimento bastante rica com dezenas de horas de entrevistas de magistrados e magistradas trabalhistas. Finalizei o documentário em fins de 2013 para ser lançado no 17º Congresso Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (CONAMAT) e do 4º Encontro Nacional de Magistrados do Trabalho Aposentados no período de 29 de abril a 2 de maio de 2014 em Gramado (RS).


Para ler a reportagem sobre o lançamento do livro, intitulada “Pesquisa objetiva conhecer o trabalho do juiz e sua qualidade de vida”, clique aqui.


Mas a originalidade da proposta não foi apenas no plano teírico-metodológico. A produção do videodocumentário “O trabalho do juiz” foi articulada com a produção de um livro contendo artigos analisando o conteúdo do vídeo. Ao mesmo tempo, aproveitei para aplicar no período de coleta dos depoimentos e inclusive de lançamento do livro/DVD “O trabalho do Juiz”, um questionário de abrangência nacional visando identificar as diversas características do magistrado do Trabalho e do seu ofício, suas condições de trabalho, de vida, de saúde, etc. O DVD do filme foi encartado no pequeno livro de capa dura.


Pesquisa de campo, vídeo e livro (com análise do videodocimentário) - foi uma inovação interessante que articulou a pesquisa de campo, a produção audiovisual e a reflexão crítica (do material audiovisual coletado), sendo isto o verdadeiro espírito do Projeto CineTrabalho.








Os dados do questionário aplicados na pesquisa no decorrer de 2013 foram utilizados na dissertação de mestrado de Thayse Palmela Nogueira intitulada “Precarização do trabalho e saúde dos Magistrados trabalhistas no brasil (2003 – 2014)”, tendo sido defendida em dezembro de 2014.


O videodocumentário teve 1h18 minutos de duração. Nos letreiros iniciais lemos:


“Em 2010, a Justiça do Trabalho no Brasil tinha 50.512 trabalhadores públicos, sendo 3.117 magistrados trabalhistas e 47.395 servidores técnico-administrativos. Na década de 2020 ocorreram mudanças importantes na morfologia do trabalho dos magistrados trabalhistas com a introdução de novas formas de gestão de cariz toyotista e a adoção de novas tecnologias informacionais (Processo Judicial eletrônico). Este documentário visa apresentar as condições de trabalho, qualidade de vida e saúde dos magistrados trabalhistas no Brasil”.


Em 2021 ganhei um edital do TRT-1 - junto com José Roberto Heloani e Bruno Chapadeiro Ribeiro - para uma pesquisa com magistrados trabalhistas do TRT-1 sobre a problematica do trabalho, qualidade de vida e saúde da magistratura trabalhistas: uma perspectiva geracional. (a inovação da pesquisa estava no recorte geracional da problemática explorada por mim em 2013). Além da aplicação de questionário - por meio virtuais tendo em vista a pandemia - eu fiz um outro videodocumentário intitulado "Gerações". - que não se encontra em domínio público.


Trailer do documentário.

 
 
 

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